02/02/2008

Querido, muda-me a casa

Quem me conhece já alguma coisa sabe que eu tenho a mania das decorações. Quem me conhece já alguma coisa sabe ainda que eu também tenho a mania das limpezas e arrumações. Há, inclusivamente, quem me chame D. Lúcilia ou Clarisse em honra de empregadas domésticas célebres. Quem me conhece já alguma coisa poderia prever o meu ataque de urticária e tiques nervosos quando entrei na minha casa de 9 meses para encontrar não isto:






Maison Arabe



ou isto:



Café Buganvillia


ou mesmo isto:

Maison Majorelle


Mas sim, um estilo marroquino muito (demasiado)... marroquino, em que se pode contar com tapetes de pelúcia vermelha ou com cenas árabes eróticas, plantas artificiais prateadas, costas de cadeiras e camas em forma de pavão, bibelots a que não se consegue atribuir qualquer natureza familiar, as clássicas toalhinhas de renda de plástico(!) delicadamente pousadas sobre o frigorífico e a televisão, um rádio que deve ter servido para comunicar com a Apollo 13 ou, como não poderia faltar neste ambiente, uma mesa e cadeiras de jantar cor-de-laranja com um fino design dos anos 70. Enfim, modernices...


Tenho cromos marroquinos para a troca com o IKEA da Fofa nos States. Queres? Aqui existe apenas o KITEA, mas entre os móveis que lá há e os que tenho cá em casa, venha o Hades e escolha.


A embalar a minha urticária, estão os hábitos de higiene dos marroquinos. Num super, hiper ou mega mercado marroquino, todos os consumíveis e, em especial, os alimentares, vêm em tamanho jumbo, à excepção dos produtos de higiene pessoal. Esses vêm em embalagens de kit viagem. Assim sendo, é fácil adivinhar que também os serviços das empregadas de limpeza deixem muito a desejar.


Segundo o agente imobiliário (que vive no apartamento ao lado e não crê em ruído depois das 21,00, muito menos em Ambipur), a casa tinha sido limpa antes da minha chegada. A julgar pela quantidade de pó e pela camada de gordura junto ao fogão, na cozinha, prefiro pensar que ele falou de cor. Tendo em conta que a gordura ainda lá está e que, quando levantei o pacote de guardanapos de cima do frigorífico no outro dia, ficou lá um quadrado sem pó marcado (que ainda lá está), prefiro nem pensar em como é que a empregada faz a limpeza.


Quem me conhece já alguma coisa sabe que, nhónhó com a casa como sou, isto é como a tropa para mim. Largo a barra da saia da mãe e saio daqui feita homem!

1 comentário:

S. disse...

HAHAHA! Ok, de chorar a rir! Já tinha saudades das tuas desventuras pelas terras do Deserto.

Pois que depois da tua proposta já tenho a minha televisão empacotada pronta para a troca com o teu rádio do Apollo 13. Sempre gostei de relíquias sem utilidade! :)