23/11/2007

Quinta-feira Santa

5ª-feira, 22 de Novembro de 2007, dia da minha partida para Marrakech, Marrocos. A minha viagem não poderia ter começado melhor! Apesar dos normais puxões de cabelo e ranger de dentes do stress de acabar de fazer malas e já lá não caber mais nada, a verdade foi que me safei de pagar 14 kg de excesso de bagagem!!! Ao balcão do check-in da Iberia, fiz o choradinho de "Oh senhora, compadeça-se de mim que vou para o meio de Marruecos durante 9 meses!" E resultou!... Tendo em conta que a Guida pagou €110 por 9 kg, nem quero pensar no assunto; tive o dia ganho!!!!
Chegada a Madrid: tal como a cidade, o aeroporto é monumental! Muito maravilhada estava eu com os ares do aeroporto quando fui perguntar onde era o terminal de embarque para Marrocos. A maravilha passou-me logo quando a senhora me apontou um edifício para lá do sol posto. Fiquei verde! Mais valia ser já em Marrocos! Contudo, diz que no aeroporto de Madrid se anda de metro e lá fui eu.
2,30 hrs volvidas, lá embarquei para o avião da Royal Air Maroc (um chasso com os assentos tão próximos que até eu, Polly Pocket inveterada, estava apertada pelo banco da frente!) Quando percebi que ia sentadinha ao lado de um casal marroquino, fiquei toda enchanté! Que fun, o mingle começa já! Mais uma euforiazinha que me passou rapidamente!
Pelos vistos, os piolhos saltitantes são os marroquinos! A senhora, que ia sentada ao meu lado, só não me acertou várias vezes com o cotovelo bem no meio do meu nariz porque Alá não quis. Habituada à pinha da Medina, a bendita nunca aprendeu o que é o perímetro individual de conforto de uma pessoa. Sempre muito sorridente, estar encostada a mim ou acotovelar-me quando se mexia por alguma razão não parecia ser defeito, era feitio, igual ao litro! Bem ao estilo de um dominó, era eu espalmada contra a janela e ela a ocupar o espaço do meu assento. Tu cá, tu lá! Que espaçosa!
Chegada a Marrocos: antes de ir buscar as malas é preciso prestar sacrifício ao abençoado Mohammed e penar tempos intermináveis numa fila de controlo de passaporte. Depois de ter tido tempo suficiente para perceber que os europeus nórdicos se divertem a potes numa fila de espera, lá cheguei à cabine. A segurança era uma moçoila marroquina de madeixa loira e aparelho nos dentes. Aparelho?!? Há dentistas em Marrocos? E sabem o que é um aparelho? Foi aqui que comecei a perceber que Marrocos é tudo menos o que se pensa que é...

20/11/2007

Sistema Comparativo Avançado de Trolhas (SCAT)

No fim da primeira semana de estágio, o chefe achou impensável que eu fosse para Marrocos sem antes ter um vislumbre do que são os nossos trolhas bem tugas. Afinal, não poderia partir sem ter uma base bem sólida de comparação entre o berber Mohammed e o Sr. Zé António.

Assim sendo, puseram-me a correr as capelinhas todas: Porto, Famalicão, Vieira do Minho e por aí fora. Dei a volta ao Norte numa 3ª-feira solarenta! A recordar, o Sr. Teixeira, encarregado da obra de Famalicão, uma personagem. Esse sim, o verdadeiro piolhinho saltitão, versão bochechas de vinho refilão que "só ponho guarda-corpos num buraco onde se enterra meia Auschwitz depois de perguntar ao Sr. Engenheiro... e vamos a ver, porque isto dá trabalho e custa dinheiro!".

O dia não poderia acabar bem sem a minha primeira despistagem de alcoolémia (só por distracção é que não foi logo em Famalicão!). Incrivelmente, não se conseguiu despedir ninguém! E não é que o trolha tuga já não se faz como antigamente! Tudo convocado para o jogo do sopro do balão e, à excepção de dois malucos que acusaram 0,10, tudo corridinho a 0,00. E esta, hein?!
A explicação está no vistão sobre a Serra do Gerês que se tem da obra. A deitar o olho sobre aquela paisagem indiscritível todo o bendito dia, ninguém tem depressões para curar com um cheirinho no café.. ou quase ninguém.

Entretanto, já tive a felicidade de espreitar o aspecto do trolha berber. Para minha surpresa (mais uma!), assim, à primeira vista, gozam de uma dentição completa e de uma higiene pessoal aceitável. Diria até que têm um aspecto muito razoável. Diz, inclusivé, que não são de bebida e que até gostam de usar capacete (alguém se esqueceu foi de partilhar com alguns que em sítios onde não há perigo de queda de objectos sobre os seus lindos crâniozinhos, como, por exemplo, uma sala de formação, não é preciso usar capacete... toma-se-lhe o gosto!...).



Tive também a oportunidade de ter o primeiro contacto com a fiscal da obra, que se pode ver ao fundo na fotografia . É francesa e é carinhosamente chamada de "la belle Dominique". Diz que, a par da beleza refinada, goza de traços de personalidade a condizer! Viva o trolha marroquino!

09/11/2007

O pontapé de saída

Tarda, mas não falha!
Finalmente, criei o blog que promete muitas emoções: uma Polly Pocket no comando de trolhas em Marrocos. Já teria graça suficiente se fosse em Portugal.

A saga começa em Braga (o retorno!) e já teve o seu quê de aventura. Afinal, não é todos os dias que se recebe boleia de um motorista de autocarro no seu bonde.

Aventurinhas à parte, a experiência aqui tem sido, mais uma vez, fabulosa!, - estou a tornar-me uma fã fervorosa de Braga - só ainda não fui ao Sardinha.

Entre usufruir da companhia do Hugo e da Inês, estar a adorar o ambiente na empresa (hoje conheci o chefão, que porreiraço!) e me ter conseguido acomodar numa casinha bem ao estilo de uma Polly Pocket, estou FELIZZZ!!!!

Na verdade, independentemente de como correr o estágio (entenda-se: se me conseguir safar de ser trocada por apenas 2 camelos e 3/4), ter feito parte do inimitável Espírito Falperra já fez tudo valer a pena.

Se a isto se juntar os 9 meses da minha vida, a isso se chama cereja no topo do bolo! aka FELICIDADEEEE!

Vou abrir apostas!